11/06/2020

Software Livre & Gestão do Conhecimento - São Paulo, 10/10/2009

Software Livre & Gestão do Conhecimento
Anderson Lourenço da Silva – Tecnologia em Redes de computadores
Luciano Santos Gonçalves – Tecnologia em Analise de Sistemas
Ricardo de Souza – Tecnologia em Redes de computadores
Se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando um pão, e ao se encontrarem, eles trocam os pães, cada homem vai embora com um. Porém, se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando uma idéia, e ao se encontrarem, eles trocam as idéias, cada homem vai embora com duas.”
provérbio chinês
Resumo
Este artigo visa explanar ao leitor o que vem a ser a gestão do conhecimento, como ela pode ser desenvolvida a partir do uso de software livre e como conciliar Tecnologia da Informação e Gestão do Conhecimento numa organização.


Introdução
Há algum tempo a Tecnologia da Informação vem se expandindo por todo o mundo. Esse crescimento constante modificou profundamente o modo de trabalho no nosso cotidiano, pois o acesso a informação se tornou mais amplo. As empresas então passaram a observar o comportamento de funcionários em busca de aprimoramento profissional. É nesse ponto que a Tecnologia da Informação se encontra com a Gestão de Conhecimento.
Nas linhas a seguir vamos saber um pouco mais sobre esses dois temas.
O que é Gestão de Conhecimento?
É com base no estudo de duas pesquisas que fundamentaremos os valores de Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação. Os autores divergem opiniões no que diz respeito a importância da Tecnologia da Informação na Gestão do Conhecimento, uma vez que um defende a Gestão do Conhecimento através do uso de software livre e o outro tenta dissociar Gestão do Conhecimento de Tecnologia da Informação.
A princípio veremos as definições de Gestão do conhecimento para cada autor.
Para Rossetti & Morales a Gestão do conhecimento é, por assim dizer, a capacidade de lidar de forma criativa com as diferentes dimensões do conhecimento, desde sua criação a partir de dados, sua transformação em informações, e, a partir da análise das informações e sua transformação em conhecimento propriamente, sua contextualização, categorização, armazenamento, uso e disseminação, correção, compilação e reutilização; por outro lado Roloff & Oliveira assumem o que é apresentado pelo autor Terra, que explicita que Gestão do conhecimento é um esforço para fazer com que o conhecimento de uma organização esteja disponível para aqueles que dele necessitem dentro dela – quando, onde e na forma como isso se faça necessário, com o objetivo de aumentar o desempenho humano e organizacional.
Para as empresas o conhecimento e a gestão do conhecimento, significa melhorar a qualidade de produtos e serviços, aumentar a satisfação dos clientes, elevar a produtividade, aumentando assim a rentabilidade. Elas necessitam da gestão do conhecimento devido ás grandes mudanças pelas quais passam freqüentemente.
Sveiby afirma que a Tecnologia da Informação e Comunicação começou a ser utilizada pelas organizações na década de 1950, enquanto o conceito de Gestão do conhecimento surgiu no início da década de 1990; segundo Rossetti & Morales esse grande intervalo deu um destaque tão grande a Tecnologia da Informação que certas organizações passaram a confundir a Tecnologia da Informação com estratégias de Gestão do Conhecimento. Estes autores ainda dizem que o papel principal da tecnologia da informação na gestão do conhecimento consiste em dar suporte à gestão do conhecimento, em ampliar o alcance e acelerar a velocidade de transferência do conhecimento. É importante ressaltar que a tecnologia da informação desempenha um papel de infra-estrutura, pois a gestão do conhecimento envolve também aspectos humanos e gerenciais. Sua função é identificar e/ou desenvolver e implantar tecnologias e sistemas de informação que dêem apoio à comunicação empresarial e à troca de idéias e experiências. Isso facilita e incentiva as pessoas a se unirem, a tomarem parte de grupos. Favorece a renovação em redes informais de aquisição e troca de conhecimento, além de facilitar o compartilhamento de problemas, perspectivas, idéias e soluções em seu dia-a-dia profissional.
Software Livre – Uma ferramenta da Tecnologia da Informação a serviço da Gestão do Conhecimento
Zilli afirma que o software livre é o software que é disponibilizado com a permissão para qualquer um copiar, usar e distribuir, com ou sem modificações, gratuitamente ou por um preço. Segundo Roloff & Oliveira essa definição explana bem que o uso de SL passa a ser uma questão de liberdade e não de preço.
São várias as vantagens do uso de software livre, citaremos neste artigo algumas destas vantagens abordadas por Roloff & Oliveira.
Liberdade de customização: ter acesso ao código fonte do programa permite alterá-lo da forma como for necessária ao usuário. Desde a interface gráfica a estrutura de dados, tudo pode ser adaptado para o uso prático do programa.
Independência do “Mercado”: Os software proprietário produzidos por um único fornecedor mostram-se como um grande e real perigo para uma instituição, pois se este fornecedor interrompe suas atividades comerciais ou decide descontinuar um produto, os usuários terão de arcar com os custos da nova versão. Isso não ocorre com o software livre, uma vez que existem várias empresas provendo serviços e produtos similares, além da possibilidade de se contratar programadores para efetuarem manutenção nos programas, já que seu código fonte está disponível.
Estabilidade e Segurança: Roloff & Oliveira dizem que assim que um programa é liberado para experimentação (versão beta), outros programadores o instalam e o usam, iniciando-se o processo de depuração. Erros descobertos são reportados ao(s) autor(es), frequentemente acompanhados da correção. Isso também significa que quaisquer problemas associados á segurança são descobertos, resolvidos e as correções publicadas ampla e rapidamente. Concordamos que essa definição do processo de desenvolvimento do software livre mostra a agilidade na correção de bugs e falhas de segurança.
Suporte atualizado: esse processo de desenvolvimento em conjunto, citado no item acima, faz com que a comunidade de desenvolvedores seja reconhecida por dar suporte gratuito aos aplicativos e ao sistema operacional, Roloff & Oliveira deixam isso claro ao dizer que as comunidades software livre e suas ferramentas receberam vários prêmios de meios de comunicação especializados.
Roloff & Oliveira também apresentam as desvantagens de se trabalhar com software livre, entre elas estão:
Indisponibilidade profissional: a falta de profissionais competentes na área torna a mão-de-obra mais cara.
Ausência de responsável legal: concordamos com Roloff & Oliveira quando dizem que do ponto de vista de uma organização, um dos problemas mais sérios com a adoção de software livre é a inexistência de uma entidade com identidade jurídica claramente definida e que seja legalmente responsável pelo sistema. Com o software livre em caso de prejuízos decorrentes de erros no software, não há nenhuma entidade que possa ser responsabilizada civil ou criminalmente por eventuais perdas e/ou danos.
Usabilidade difícil: a propagação do Windows® como sistema operacional de simples aprendizado tem se estendido por anos e os próprios cursos de informática induzem os alunos a defenderem esta bandeira. Essa situação dificulta o aprendizado de um novo sistema, não tão popular nos escritórios do país. segundo Roloff & Oliveira quanto mais tempo se dedicar ao novo sistema que se deseja aprender, melhor e mais rápido será o aprendizado.
Roloff & Oliveira apresentam um modelo de gestão tecnológica baseado em software livre numa Instituição de Ensino Superior, onde é criado um portal que para o usuário, funciona com uma intranet onde ele navega por seções tendo a ilusão de ser um único programa, mas na verdade, está navegando em vários softwares com a base de usuários integrada. Os autores tiveram como principais dificuldades na implantação do Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem a mudança na rotina dos professores, que teriam de alterar sua metodologia de ensino, a familiarização com a informática por parte do corpo docente e a falta de atualização e digitalização do material das unidades curriculares ministradas pelo professor. Apesar disso constataram que a barreira ao uso da tecnologia proposta diminui a cada nova apresentação, uma vez que os resultados positivos incentivam a busca por novas ferramentas. Nesta gestão tecnológica algumas ferramentas de software livre se mostram superiores as de software proprietário da categoria, e ficou constatado que não são necessários vultosos investimentos financeiros na aquisição de tecnologia, para promover a gestão tecnológica de um curso ou de uma instituição de ensino.
Ao término do estudo Roloff & Oliveira respondem a seguinte questão: como promover a gestão do conhecimento com ferramentas tecnológicas dentro de uma organização?
A promoção da gestão do conhecimento dentro de uma organização, torna-se viável tecnologicamente, do ponto de vista financeiro, com o emprego de ferramentas software livre, e do ponto de vista organizacional, com a aplicação do modelo defendido por este projeto, o qual prioriza a seleção da ferramenta software livre, que melhor atenda aos requisitos de determinada tarefa e sua posterior integração com outras ferramentas software livre. Assim, a solução completa pode estar dentro de um portal corporativo, que congregue todas as ferramentas necessárias e que atenda a todos os requisitos da organização.
Assim, concordamos que o uso de software livre é um caminho para promoção de gestão do conhecimento dentro de uma organização.
Referência Bibliográfica
Roloff, M. L., Oliveira, R. A., Um modelo competitivo baseado em ferramentas software livre para a gestão tecnológica de organizações - a promoção do conhecimento corporativo e da inovação tecnológica em uma graduação tecnológica  Revista de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação/Journal of Information Systems and Technology Management (JISTEM), São Paulo, v. 04, n. 02, p.127-150, Mai./Ago 2007
Rossetti, Adroaldo and Morales, Aran Bey O papel da tecnologia da informação na gestão do conhecimento. Ci. Inf., Abr 2007, vol.36, no.1, p.124-135. ISSN 0100-1965
Terra, J. C. C. Gestão do conhecimento: o grande desafio empresarial. São Paulo: Negócio Editora, 2001.
Zilli, D. Mundo Livre. 3a. Edição, 2004
E-book disponível no site: http://www.softwarelivresc.org.br.

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