As contas de Erick continuavam chegando, ora por debaixo da porta, ora por email, algumas vinham por telefone num pedido para não esquecer o leite, outras estavam lá fora, pendentes num bar ou na padaria. O salário não era suficiente para cobrir as dívidas, o desespero o acompanhava no trabalho e em casa lhe tirava o sono. Não conversava mais no trabalho ou com a família, se afastou dos amigos e passava o tempo em casa na cama, sem assistir, sem diversão. Passava pelos batentes da porta e sentia as correntes prendendo os braços e pernas, no peito ficava um peso sufocante, a respiração ficava densa vez por outra.
No trabalho, na hora do almoço, viu o jovem da mesa a frente mostrando à Larissa um teatro que reproduziram em sua igreja, J. Arts - Sem culpa. A peça chamou a atenção porque num determinado momento Erick ouviu: Enquanto há fôlego de vida, há esperança.
A frase ecoou em sua mente pelo resto do dia, como se fosse necessário ver tudo, descobrir alguma verdade obscura que lhe causava estranheza. E agora deitado em sua cama o eco continua ressoando na mente.
Pegou o notebook e acessou o YouTube, encontrou fácil o vídeo e assistiu com atenção. Não entendeu bem quando as lágrimas lhe desceram o rosto, mas a mensagem ficou cada vez mais clara em seu coração. Sentiu o peso das correntes lhe deixando, no peito o coração batia livre e uma paz inexplicável o inundou. Enquanto há fôlego de vida, há esperança.
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